É Carnaval

Sexta passada (28/01), começou oficialmente o Carnaval aqui. Interessante que é um festejo mais forte que imaginava e completamente diferente do que estamos acostumados, principalmente pra um folião como eu.

Ontem (domingo) foi o desfile oficial do "Bonhomme", ele é o símbolo do Carnaval daqui, um misto de boneco da Michelin e um boneco de neve. No desfile pela Boulevard Charest, além do Bonhomme abrindo o cortejo e falando pra multidão, passam pela avenida diversos personagens infláveis gigantes, algumas fanfarras escolares (de umas vinte pessoas) e alguns grupos musicais, havia até um grupo percussivo onde se bem reconhecia uma levada de samba-reggae e outra de axé bem executada. Há muitas vuvuzelas entre os espectadores e é o público fica bem animado apesar do frio (estava -10°C na hora do desfile). As crianças curtem bastante e é uma parada bem família mesmo. É frio, mas bem vestido agüenta-se tranqüilamente uma hora assistindo o desfile.

De lá fomos pra um outro pólo do Carnaval, ao lado do parlamento, onde havia diversas glissades (pra deslizar na neve), esculturas de gelo e uma tenda aquecida (pit stop obrigatório) com brincadeiras. Certamente, voltaremos pra aproveitar mais e conhecer outros pólos do Carnaval daqui. Óbvio que sinto falta do maracatu, mas a gente se diverte bem no Carnaval daqui também.

Aquele Abraço!

Com muito orgulho, com muito amor...

Todo mundo sabe que sou apaixonado pela minha patroa, me chamam até de babão por aí. Mas, estou ainda mais orgulhoso dela.

Essa semana ela deu a primeira aula numa escola por aqui. Ela é uma excelente professora, mas a barreira da língua e de um mercado de trabalho totalmente diferente normalmente desanimam, principalmente quando não é uma área de altíssima demanda.

No comecinho de janeiro, uma amigona nossa (valeu, Manu) nos enviou um email com uma vaga onde havia a oportunidade pra dar aula na escola das meninas. Não exatamente na mesma escola, mas na outra sede. Eles precisavam de alguém pra dar aulas de multi-esportes, isto é, iniciação esportiva em diversas modalidades (havia tbm uma vaga pra professor de badminton). Aqui uma pessoa formada em licenciatura precisa tirar o brevê de professor no Ministério de Educação pra poder dar aulas em escolas, inclusive pra Educação Física, Artes e Língua Estrangeira. Porém, não é necessário para iniciação esportiva de qualquer modalidade, basta comprovar a experiência.

Daí, ela mandou o CV numa sexta e o telefone tocou na segunda. O responsável chamou ela pra conversar, disse que ela tinha um curriculo formidável e era uma pena eles não terem mais do que uma aula semanal no momento. Mas, pra ela até que foi bom pq a francisação dela começa na semana que vem e o foco dela é o mestrado na Université Laval.

Quando chegou ontem, já veio me contando que tudo que planejou deu certo na aula, além de ter sido bem compreendida pelas crianças. Deveria ter escrito um cartazinho como aqueles que vemos nos campos de futebol: "EU JÁ SABIA!"

Diga aí: é ou não é pra se orgulhar???

Aquele Abraço!

C’est fret!!!

Em bom quebécois, é qdo tá um frio danado. Tem outra expressão que aprendi com o colega de trabalho argelino e gente boa: frio do pato (froid du canard, sei o que vcs estão pensando, viu?). Explica bem o que encaramos hoje cedo. Termômetro marcando -29°C sensação térmica de -43°C como mostra a TV pq não para de ventar.

Mermãozim, é impressionante... agora eu senti frio de verdade. Eu tava crente que tava sentindo frio, mas hoje eu caí na real. É frio pra dedéu.

Essa semana fez frio, a semana toda abaixo de -10°C e a gente pensando: "Tá tudo dominado". Sábado tivemos a visita de um casal queridíssimo que mora em Montral, Débora e Pepeu, -18°C no termômetro e vamos pro Hotel de Gelo (tem um post bacana no blog do Alexei). Muito legal, muito mesmo... mas, depois de 45 minutos, todas as suas extremidades estão completamente geladas e seu desejo é encontrar algum lugar pra se aquecer. No fim do passeio, TODOS pulávamos pra nos esquentar.

Domingão, só fomos à missa e ficamos em casa pq os amigos almoçariam conosco. Minha mãe ligou dizendo que em Recife estava mais "frio" pq a temperatura caiu a (+) 25°C e eu disse que aqui estava a mesma temperatura, só que negativa, ou seja 50 graus de diferença.

Hoje aquele céu azul de brigadeiro, um sol bonito lá fora e um frio de fazer inveja a qq bom freezer. Saímos super-vestidos, só era possível ver nossos olhos. "Quero ver esse frio me encarar", pensava eu inocentemente, afinal aprendemos aqui que não existe frio, existe pessoa mal vestida. A caminhada seguia tranqüila até ventar... não sei por onde o vento conseguiu entrar num fresta entre a touca e pescoçol no finzinho da orelha esquerda... por ali eu senti o frio entrar e tomar conta do corpo todo. Que frio duca...

Qdo cheguei no trampo, todo mundo dizendo que hj estava um inferno (eu jurava que lá era quente) e que hj é que estava frio. E neguinho ainda me pergunta pq estou vestido com as roupas e as armas de Jorge da oração de São Jorge (e da marvilhosa "Jorge de Capadócia" do Ben Jor) como escrevi no facebook. Preciso explicar mais???

Aquele Abraço!

Passos de bebê

Antes de tudo: Feliz Ano Novo!!! Não escrevo desde o Natal, então espero que 2011 seja melhor que o ano que se encerrou.

Sábado fui patinar pela primeira vez. Já fui um ciclista tardio, aprendi a andar de bicicleta depois que ensinei minha filha mais velha a andar, isso em Brasília ainda. Também aprendi a nadar tarde, devia ter uns 11 anos.

Como devo morar nesse país gelado por um bom tempo, é necessário aprender a patinar. O Alexei já me sacaneou muito com essa estória de ter que patinar, mas nada como o incentivo familiar. Maria e as meninas já patinam com desenvoltura eu ficava lá, só olhando. Bom, aluguei um par de patins e fui me arriscar a dar uma volta.

É óbvio que me senti um alienígena e que todos me viam como tal tbm. Aqui todo mundo patina, afinal o esporte nacional é o hóquei, e ver um marmanjão tentando se equilibrar em patins deve ser engraçado pra eles ou, no mínimo, inusitado.

Mas, as meninas me deram muita força e eu fui. Entrei na pista, mas 1 minuto e meio depois soou o aviso que a máquina entraria pra nivelar o gelo. Salvo pelo gongo. Nem tirei os patins e fiquei do lado de fora fazendo os exercícios sugeridos pra tentar me manter em pé quando a pista reabrisse. Quinze minutos depois, não teve jeito e fui. Sabia que tava todo mundo me olhando, mas precisava terminar a volta. A pista é beeeeeem grande no Galerie de la Capitale e eu nos passos de bebê.

Uns 25 minutos depois consegui terminar. Estava bem cansado e com os pés doloridos, mas decidi que vou comprar meus patins pra praticar bastante. Quem sabe no próximo inverno posso jogar hóquei com o Rodrigo (da Mariana)?

Aquele Abraço!