segunda-feira, setembro 27, 2010

Mercado de trabalho

Um amigo já havia me pedido pra escrever, semana passada outro amigo me pediu, então vou escrever logo antes que comece a esquecer parte do processo... :-)

Por onde começar??? Bom, posso falar que comecei a me preparar para procurar emprego ainda do Brasil. Fiz meu currículo em francês e em inglês, mesmo sabendo que iria morar em Ville de Québec, onde o currículo em inglês praticamente não é exigido. Era estranho fazer o CV porque nunca procurei emprego no Brasil, apesar de manter meu currículo relativamente atualizado. Passei quase 11 anos no CESAR, seja como sócio de empresa incubada, seja como funcionário. Então era um mundo novo a ser desbravado e com um medaço pq a família embarcou comigo.

Tbm era um risco relativamente calculado porque vagas na área de TI não faltam e planejava atacar ainda do Brasil. Mas, o buraco era mais embaixo...

Primeira coisa, o formato do currículo parece com o do Brasil, mas observando em detalhe, é bem diferente porque o currículo é pra atender a vaga e não pra mostrar tudo o que vc é capaz. Isso eu só fui ver já estando aqui. Tive uma baita ajuda pra formatar o currículo de um cara que já estava aqui e ele mostrou o que deveria mudar, como deveria escrever certas experiências, o que deveria sair e deu uma informação preciosa: os currículos não deveria ter mais duas páginas, exceto os de TI. Em TI tem que mostrar que vc tem cancha na área que a vaga pede.

E onde procurar as vagas? Aqui comecei em 3 sites: EmploiQuébec, Joboom e Monster.ca. Eles tbm ajudam a formatar o currículo e são onde as maioria das vagas estão expostas. Porém boa parte das vagas não estão expostas e vc precisa garimpar. Aprendi isso na SOIIT, órgão do governo que auxilia a recolocação de um imigrante no mercado de trabalho.

Cheguei num mês bom pra começar as pesquisas: abril. Porque maio e começo de junho contratam bastante, mas menos que o fim de agosto e todo o mês de setembro. Comecei a disparar os CVs e nada de ser chamado pra entrevistas. Uma coisa que aprendi num evento do MICC é que carta de apresentação é fundamental. Fiz meu modelo e disparei a metralhadora. As coisas começaram a pintar, mas acontece que ainda não tinha experiência de trabalho aqui (nem como voluntário) e que meu francês não era (e nem é) impecável pra trabalhar no mesmo posto que eu trabalhava no Brasil.

Até acho que meu francês era muito bom pra um recém-chegado, mas tbm sabia que estava longe do ideal e pra trabalhar como Analyste fonctionnel ou Analyste d'affaires (os correspondentes mais próximos de analista de negócios no Brasil). Então as baterias se voltaram para desenvolvedor, mas não deixei de investir no que queria. Aqui um parêntese: há uma super divisão de tarefas entre cargos bem diferentes do Brasil, algo mais ou menos assim: gerente de projeto, analista de negócios, analista funcional, arquiteto orgânico, arquiteto funcional e desenvolvedor. O arquiteto orgânico é um misto de analista com desenvolvedor, que escreve relatórios detalhados para virar código. Já o analista funcional, senta com o cliente e descreve seu funcionamento. Há uma linha tênue, mas há. O analista de negócios é um analista funcional de mais alto nível, tbm faz pré-venda e vezes de gerente de projeto.

Voltando... o problema é que aí eu parecia um ET por 2 motivos: toda minha experiência como desenvolvedor é com Java e o forte na cidade é .net (vb, c#) e PL/SQL. Em Montreal, havia muitas vagas Java, mas não queria me mudar, havia achado a cidade que queria morar. Montreal é bem bacana, adoro visitá-la, mas tem problemas de cidade grande, de metrópole e por isso, sempre foi minha terceira opção (minha segunda era Gatineau/Ottawa). E Ville de Québec tem tudo que uma cidade grande tem (porque é a capital da província), com jeitão de cidade pequena.

O jeito era insistir. Distribuí meu CV pra todos as pessoas que conhecia em Ville de Québec (e sempre fui bastante ajudado), fiz vários formatos pra cada tipo de vaga que encontrava. Porque o currículo TEM que ter as exigências da vaga, se não tiver, lixo. Enfim, fiz umas 10 entrevistas, (até pra analista ETL, fiz) achei que ia ficar em uns 4 lugares onde fui fortemente elogiado e acabei ficando onde fiz uma entrevista nem tão boa. Engraçado, mesmo. Nunca imaginei que trabalharia pro governo sendo contratado pelo governo e fiz uma entrevista totalmente by the book...

Tive decepção algumas vezes. Uma empresa chegou a fechar contrato comigo, ajustado salário, mas era um contrato condicional. Valia quando rolasse o primeiro projeto. E cadê o projeto??? Ia dizer até hoje, mas semana passada me ligarame e falei que conversaria em outra oportunidade porque estava contratado. Umas 3 empresas fizeram meu filme melhor que eu mesmo, mostrando como seria quando eu começasse e blá, blá, blá. Depois, ligavam que tavam sem projeto.

Tbm tem o fato que julho e metade de agosto são as férias de verão (algo como metade de dezembro e janeiro no Brasil) e a cidade é de muuuuita prestação de serviço pra governo, ou seja, pára (sei que esse acento caiu, mas acho difícil entender sem ele) mesmo. Em muito lugar eu era overqualified (e era mesmo) e na palestra do MICC foi dito que qto mais qualificação, pior a empregabilidade, então tem que capar o CV se for pra uma vaga que pede  pouca coisa, difícil é explicar depois que naquele período vc não estava fazendo o caminho de Santiago de Compostela (afinal, vc tava trabalhando, mas talvez com algo bem mais sofisticado do que a empresa deseja).

Depois que comecei a trabalhar, tive umas 5 oportunidades, mas declinei. Valorizo quem apostou em mim.

Tem muito mais coisa a falar e detalhar, mas aí deixo pra quem quiser me perguntar por e-mail. Afinal, cada caso é um caso e esse foi o MEU caso... :-)

Aquele Abraço!

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